Família pobre e galinha encantada
Família póbri i galinha inkantadu
Havia uma mulher que tinha um filho que se chamava Cristóvão. Este foi ao campo e encontrou uma galinha-do-mato que cantava agradavelmente. Quando regressou a casa, disse:
— Mamã, fui ao campo e encontrei uma galinha-do-mato a cantar agradavelmente! Continuou:
— Mamã, dá-me uma quarta de milho para eu ir apanhá-la.
A mãe deu-lhe uma quarta de milho e ele foi correr atrás da galinha. Tendo deitado todo o milho ao chão, mesmo assim a galinha não se deixou apanhar. Regressou a casa e disse à mãe:
— Mamã, a galinha não me deixou apanhá-la!
No dia seguinte, voltou ao campo, lançou ao chão mais uma quarta de milho, mas não conseguiu apanhá-la. No terceiro dia, conseguiu apanhá-la. E quando a deteve, a galinha pôs-se a cantar:
— Serafim de ouro, chão de Guiné, praia dendé, matador de frangos em achadas… Se me apanhares, é tua riqueza… tua riqueza que Deus te deu!
Voltou à casa e disse:
— Oh! Mamã!... A galinha canta tão agradavelmente!...
A mãe era pobre… Eles eram pobres, moravam numa casinha, um funco. Aquela galinha era a riqueza deles. Dormiu naquele funquinho e, ao amanhecer, acordou rico… com muita casa e todas as coisas à vontade. Então, disse à mãe:
— Mamã, agora tenho de ir à Praia buscar a minha madrinha e o meu padrinho para virem ver a minha galinha e apreciarem como ela canta.
Antes de ir à Praia, colocou a galinha dentro de uma vitrina e deixou-a lá para que ninguém pegasse nela. Quando foi, apareceu uma amiga da mãe que disse a esta:
— Venho ver a galinha do Cristóvão!
A mãe respondeu:
— Lá onde ele a colocou, é para não ser tocada!...
Mas a galinha respondeu:
— Para eu cantar melhor ainda, coloca-me sobre a mesa.
E a galinha repetiu essas palavras, por três vezes. Então, a mãe disse:
— Vou tirá-la!
Tirou a galinha e colocou-a em cima da mesa. A galinha cantou:
— Serafim de ouro, chão de Guiné, praia dendé, matador de frangos em achadas… Se me apanhares, é tua riqueza… tua riqueza que Deus te deu!
De imediato, a galinha voou. Naquele tempo, havia Barlavento e Sotavento e estavam um à frente e o outro atrás. A galinha voou e pousou sobre o Sotavento que vinha à frente, e cantando, disse:
— Serafim de ouro, chão de Guiné, praia dendé, matador de frangos em achadas… Se me apanhares, é tua riqueza… tua riqueza que Deus te deu!
Cristóvão disse:
— Oooh!… A mamã já me soltou a galinha!...
Entretanto, a galinha disse-lhe que, quando chegasse a casa, fosse esgravatar debaixo da soleira da porta, e retirasse a riqueza que ela tinha colocado ali. Quando chegou, disse:
— Oooh!… Mamã, a senhora soltou a minha galinha!
Ela respondeu:
— A galinha disse-me que ela cantaria ainda melhor, se a colocasse sobre a mesa… e voou!…
Quando foi para debaixo da soleira da porta, para retirar a riqueza que a galinha tinha ali deixado para ele, escavou e encontrou todo o dinheiro, conforme a galinha lhe dissera. Então, disse:
— A galinha já tinha cantado!
Concluindo:
— Mamã!…
A galinha, no alto daquele barco, era difícil de ser apanhada. Ficou, entretanto, com a sua riqueza, a riqueza que a galinha lhe deu.
A estória terminou e o balaio ficou de borco.