A andorinha e o sapo

Myapya la cimboto

​Certo dia, a Andorinha e o Sapo fizeram-se amigos. Foram juntos procurar uma mulher para o sapo. Era grande a preocupação. Quando a encontraram, foram enaltecidos pela forma como abordaram o futuro sogro que a dado momento afirmou:

— Encontraram a mulher dos vossos propósitos. Porém, amanhã eu quero que me tragam já um bebé.

A Andorinha disse:

— Está bem meu sogro, viremos trazer o bebé.

— Certo. Se sois homens está ali a mulher mas primeiro cumpram a exigência.

Regressaram. Chegando à aldeia, a Andorinha foi passear. Nas suas voltas, encontrou uma janela aberta e dentro de casa havia um bebé na cama. Levou-o consigo e, no dia seguinte, quando chegaram à aldeia do sogro entregaram-lho conforme o prometido.

O sogro contente exclamou:

— Certo, muito certo, vocês são mesmo homens. A mulher é mesmo vossa.

De regresso à sua aldeia, a Andorinha chegou à sua casa e encontrou o seu pai muito aflito, quase a morrer. Pouco depois o pai da Andorinha morreu. Ele tinha muitos haveres e era muito rico. A Andorinha comunicou o ocorrido ao seu amigo dizendo:

— Amigo! Naquele dia salvei-te. Hoje chegou o momento de me acudires porque na minha família há muitos avarentos. A riqueza do meu pai me será usurpada, arrebatada e roubada se nada for feito.

O Sapo respondeu:

— Fica tranquila. Eu vou tratar disso. Mostra-me onde vão cavar o túmulo.

A Andorinha respondeu:

— Vão cavar a sepultura junto das galerias dos Njimbo.

O Sapo escondeu-se ao lado da cova, numa galeria de Njimbo. Pouco depois trouxeram a urna acompanhada de muitos choros e colocaram-na na cova. Seguiram-se as despedidas com a colocação de porções de terra nos cantos do buraco, como é costume.

A dada altura, todos os presentes ouviram uma voz:

— Alto aí! Chega! Não me enterrem tão rápido, preciso de despedir-me.

Assustados, os presentes afirmaram:

— O morto que colocamos na cova ressuscitou!

Em seguida a voz tornou a ser ouvida:

— Vocês todos que aqui estão, saibam que as riquezas que deixei pertencem aos meus filhos. O vosso hábito de usurpar os bens dos mortos que não se repita desta vez. Acabou.

Mais uma vez a assistência exclamou:

— Desçam à cova para ver se ele ressuscitou.

Mas constatou-se, na verdade, que estava morto. Acabaram o enterro. A Andorinha, da árvore onde se encontrava, agradeceu a ajuda do amigo sapo. Os bens ficaram para a Andorinha e os demais filhos.

Há muitas famílias que têm esse costume. Mas, devemos saber que as riquezas de um finado pertencem, à partida, aos herdeiros. Se nas nossas localidades há pessoas com esse comportamento, precisamos de reflectir sobre a morte, a herança e a orfandade. Mas também procurar soluções para os problemas futuros das crianças que ficam sem um progenitor que geralmente é o provedor da família.

Lição: Uma mão lava a outra, as duas batem palmas. Mas a resolução de um problema, não deve ser motivo para a criação de outro problema.