Mau irmão e bom irmão
Mau irmon i bon irmon
Era uma vez um senhor que tinha dois filhos. Os dois filhos andavam sempre a desafiar-se um ao outro.
Um era considerado mau irmão, e o outro era considerado uma pessoa muita compreensiva e com muitos amigos. O bom irmão não gostava do outro, por nada deste mundo, porque era considerado como uma pessoa desorientada, que andava à margem da lei, e sempre a fazer a família passar vergonha. O irmão bom resolveu então deixá-lo de lado, já não o considerava mais seu irmão.
Acontece que o bom irmão, que tinha muitos amigos, resolveu fazer uma prova para ver o que seria melhor: ter um mau irmão ou um bom amigo. Por isso, um dia resolveu matar um porco e colocou-o no meio duma sala, cobrindo-o. Então, chamou um amigo, um rapaz que ele considerava como sendo o seu melhor amigo, e disse-lhe:
̶ Meu amigo, caí numa desgraça… matei uma pessoa… Quero saber se me ajudas a enterrá-la, antes de amanhecer, caso contrário a autoridade tomará conta de mim!
O rapaz respondeu-lhe:
̶ Olha, em coisas destas, não gosto de participar… É melhor procurares outra pessoa!
O rapaz virou-lhe as costas e foi-se embora. No entanto, o mesmo rapaz tratou de ir conversar sobre o assunto com outros amigos de rua. O bom irmão, porém, chamou mais um amigo e disse-lhe:
̶ Já cometi um crime… Venho pedir a tua ajuda para resolver esta situação, de modo a não ir para a cadeia!
O amigo disse-lhe a mesma coisa:
̶ Olha, eu não participo em coisas dessas… Do contrário, passaria por assassino.
Então, o irmão que era tido como uma boa pessoa, chamou umas cinco, seis pessoas consideradas por ele como amigos de peito, que andavam sempre juntos em farras e bailes, e, nesse momento, todos lhe deram costa, dizendo que não iam ajudá-lo a resolver o problema do crime.
Então, disse o bom irmão:
̶ Está bem!... A única alternativa que me resta, é o meu irmão… mas eu e ele temos mau relacionamento! Fico sem saber o que fazer…
Pensou um pouco e disse:
̶ Vou chamar o meu irmão.
Foi ter com o seu irmão e disse-lhe:
Ó irmão, desculpa-me!... Sei que temos as nossas desavenças… mas, cometi um crime! Matei uma pessoa, e quero saber se me ajudas a enterrá-la, antes que a autoridade se aperceba disso.
Então, aquele que era considerado mau irmão disse:
̶ Oh! Meu irmão!... Não há problema! Vamos arranjar de imediato pá e enxada e vamos enterrar essa pessoa… Já sabes que é um segredo que fica entre nós, porque, senão, vão te pôr na cadeia, e a nossa família ficaria manchada, etc.
Mas, nesse meio-tempo, aqueles que eram considerados amigos do bom irmão, já tinham chamado as autoridades. Quando as autoridades chegaram, disseram:
̶ Ouvimos dizer que mataste uma pessoa e viemos aqui colocar-te à margem da lei… Queremos ver o que fizeste!
E o rapaz disse aos senhores:
̶ Está aí, no meio da sala… Descubram-no e vejam!
Quando lhe tiraram o pano, viram que se tratava de um porco morto. Perguntaram então ao rapaz:
̶ Por que fizeste isso?
Respondeu:
̶ Estava a tentar entender o que seria melhor: um mau irmão ou um bom amigo?
Acabara de ver que, de facto, ele não tinha amigo. Resolveu-se a pedir ao seu irmão desculpas, perdão pelas desavenças que tinham tido até àquela altura. Passou a considerar o irmão que, mesmo sendo mau, era alguém com quem poderia contar e que poderia ajudá-lo em momentos difíceis.
Assim, terminou a história. O mais velho que vá apanhar e o mais novo que vá amarrar! Sapatinho alto como em baixo, sapatinho alto como em cima.