História de duas rivais

Musoh Fula Sotata

​É uma história de duas meninas, filhas de duas mulheres casadas com um homem. Por infelicidade de uma das crianças, a mãe morreu, deixando-a de tenra idade sob custódia da madrasta. A madrasta maltratava a enteada, transformando a sua vida numa autêntica agrura. Ela é que fazia todo o trabalho doméstico. Algumas tarefas de tão pesadas, não eram apropriadas para a sua idade. A filha da madrasta era protegida e mimada. Um dia, a madrasta mandou a órfã à fonte buscar água, levando consigo um pote. Normalmente, na tabanca, as pessoas para irem àquela fonte, iam em grupos, porque ficava muito longe e também porque assim se protegiam dos animais ferozes que surgiam pelo caminho. Ela confessou que tinha medo de ir sozinha, porque naquele momento todas as suas amigas já tinham ido e voltado da fonte. A madrasta não se comoveu com a confissão e obrigou-a, ainda assim, a ir sozinha. Amedrontada, ela lá foi. Com o pote de água na cabeça, de regresso à aldeia, tropeçou e caiu partindo o recipiente. Chegou a casa abalada e explicou o sucedido à madrasta que, sem pena e nem dor, obrigou-a a ir arranjar um pote novo para repor no lugar do que tinha partido.

O local onde se podia adquirir potes ficava longe da aldeia mas, com medo de represália, partiu sozinha. Pelo caminho encontrou-se com uma serpente, que ao invés de amedrontá-la ou de lhe fazer mal, se ofereceu para ajudá-la a encontrar o que ia procurar. Deu-lhe não só um novo pote mas também roupas novas. De volta, acompanhou-a até perto da aldeia. Ao chegar à aldeia, todos os aldeões, incluindo a madrasta, ficaram admirados de vê-la assim tão bem vestida. Ela entregou o pote novo à madrasta. Continuou a ter contactos com a serpente ao mesmo tempo que a inveja e ódio tanto da madrasta, como da sua meia-irmã, cresciam.

Esta última, julgando poder ter a mesma sorte, decidiu partir o pote propositadamente, acreditando que se fosse buscá-lo de volta, como foi o caso da outra, teria a mesma sorte.

A sua mãe maldosa fingidamente obrigou-a a ir buscar um outro em substituição do que partiu. Entretanto, a justiça da natureza quis que a sorte das duas fosse diferente. A filha da madrasta pelo caminho fora, na sua aventura de ir procurar o pote, perdeu-se no meio da mata densa por longo tempo, acabando por morrer devido ao cansaço e à fome. Mais tarde, quando se soube da sua má sorte, a mãe arrependeu-se, perdendo todo o gosto pela vida. Foi assim, triste e com amargura, que terminou os seus últimos dias de vida.