A ambição
Ò mùérù
Conto Bubi
Baresó, región : Bioko
Guiné EquatorialContador
Antonia Silebó
Nível
primário e secundário
Era uma vez uma aldeia habitada por muita gente. Nela, havia uma família muito pobre que tinha duas filhas.
Um dia, a mãe mandou as filhas ao rio lavar os pratos. Enquanto os lavavam, um dos pratos foi arrastado pela corrente da água. A menina pôs-se a chorar; sabia que, se voltasse a casa sem o prato, a mãe a castigaria.
A menina foi atrás do prato, seguindo a corrente da água. No leito do rio, encontrou uma velhinha.
A velhinha perguntou-lhe:
— Menina, menina, o que procuras?
— O meu prato – respondeu a menina. – Viste-o?
— Procuras um prato? – perguntou a velhinha.
— Sim – respondeu a menina.
— Podes dar-me banho? Lava-me e leva-me a minha casa. Dar-te-ei o teu prato – disse a anciã.
A menina lavou e vestiu a anciã. A velha indicou-lhe onde vivia e a menina levou-a até sua casa.
Depois, disse à menina:
— Prepara-me a comida e a mesa.
A menina fez tudo. A velhinha comeu. Depois, disse à menina:
— Atrás da casa há umas abóboras. Umas falam e vão dizer: «leva-me, leva-me». Há outras que não falam. Compreendes o que te digo?
— Sim – respondeu a menina.
— Apanha uma das que não falam. Vai à aldeia, procura um terreno e limpa-o muito bem.
Compreendes-me? Depois de limpar o terreno, parte a abóbora. Quando a partires, nunca mais sereis pobres. Tereis casa, dinheiro, alimentos, todo o necessário.
— Sim – respondeu a menina.
Foi para a aldeia.
— Já chegaste! E o prato? – perguntou a sua mãe.
— Não perguntes pelo prato – respondeu a menina. – Vem, vamos limpar um terreno.
Mãe e ,lha limparam um terreno. Depois a menina partiu a abóbora e dela saiu uma casa grande, bonita e com todo o tipo de riquezas: móveis, dinheiro.
Desde então, viveram felizes.
Com o espantoso sucedido, uma mulher do bairro exclamou:
— Uau!
E perguntou à menina como tinha conseguido esta riqueza e o que tinha feito para a ter. A menina contou a história.
Depois de escutar a narração, a mulher disse à sua ,lha:
— Vai ao rio lavar pratos e deixa que a corrente da água leve um prato.
A menina foi ao rio. A corrente da água levou o prato. A menina foi a correr atrás do prato e foi descendo ao longo do leito do rio, até se encontrar com a velhinha.
— Viste o meu prato por aqui? – perguntou a menina.
— Estás à procura de um prato? – disse a anciã.
— Sim – respondeu a menina.
— Se queres o teu prato, dá-me banho – disse-lhe a velhinha.
— Hum… – resmungou a menina com tom de desprezo. - Eu?! Como pode ocorrer-te pedir-me que te lave? Eu não posso dar-te banho. Dá-me o meu prato. Não posso dar-te banho.
— Bom, já que queres o teu prato, vamos a minha casa. Ali dou-te o teu prato – disse-lhe a velhinha.
Ao chegar, a anciã disse à menina:
— Prepara-me a comida.
— Preparar-te a comida? Eu? Não posso fazê-lo – protestou a menina.
— Dá-me água para beber – insistiu a velhinha.
— Não vou dar-te de beber a água que me pedes. Quero o meu prato.
— Atrás da casa, há umas abóboras. Umas falam e outras não. Leva uma das que não falam. Não leves uma que fale – disse a anciã.
— Eu, levar uma abóbora que não fala? Eu não sou muda. Porque vou levar algo mudo? Levarei uma que fala – disse a menina.
— Recomendo-te que não o faças. Não leves uma abóbora que fala – insistiu a velhinha. – E quando chegares à aldeia, limpa um terreno.
— Eu? Eu não posso limpar nenhum terreno – respondeu a menina à anciã.
Foi atrás da casa, colheu uma das abóboras que falam e voltou a correr à aldeia. Ao chegar a casa, disse à sua mãe:
— Mamã! Eu também regressei! Trouxe bens, riquezas…
Partiu a abóbora e do seu interior saiu um monstro que engoliu toda a sua família.